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Lula, na OIT: “Nunca a justiça social foi tão crucial para a humanidade”

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Sessão de Encerramento do Fórum Inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social.
112a Conferência Internacional do Trabalho, no Palácio das Nações, em Genebra, Suíça.


Foto: Ricardo Stuckert / PR


Aplaudido na 112ª Conferência Internacional do Trabalho, nesta quinta (13), em Genebra, Lula tratou de temas inapeláveis à humanidade no século 21: “Vamos semear a justiça e colher a paz que o mundo tanto precisa”
Publicado em 13/06/2024 17h07
Ricardo Stuckert

Na OIT, Lula reage à concentração de renda no mundo: “Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões” Foto: Ricardo Stuckert / PR

A caminho da Cúpula do G7, o presidente Lula participou, nesta quinta-feira (13), da 112ª Conferência Internacional do Trabalho, realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça. Convidado pelo presidente-geral da OIT, o togolês Gilbert Houngbo, para liderar a inauguração do Fórum Coalizão Global pela Justiça Social, Lula foi aplaudido, em diversos momentos, pelo discurso contundente abordando questões centrais à classe trabalhadora, em especial, a concentração da renda nos países em desenvolvimento e as transições energética e digital.

No púlpito da OIT, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o trabalho, o presidente deu o tom de como serão seus discursos tanto na Cúpula do G7 – da qual o Brasil participa como convidado, nesta sexta-feira (14), na Itália – quanto na presidência rotativa do G20, em novembro, e na COP30, a ser realizada na cidade de Belém, no Pará, em 2025. “Vamos semear a justiça e colher a paz que o mundo tanto precisa”, instou.

Lula tornou a defender a taxação das grandes fortunas, proposta encampada pelo Brasil no G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, como forma de amenizar as desigualdades sociais e enfrentar as consequências das mudanças climáticas. “Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões”, condenou.

“Isso representa a soma dos PIBs do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática”, constatou o presidente.

Em referência ao sul-africano Elon Musk, que chegou a tentar interferir na democracia brasileira, Lula criticou a ganância do bilionário dono da Tesla e a indiferença dele para com a classe trabalhadora. “A concentração de renda é tão absurda, que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, certamente tentando encontrar um planeta melhor do que a Terra, para não ficar no meio dos trabalhadores, que são os responsáveis pela riqueza dele”, criticou, antes de ser ovacionado.

“Não precisamos buscar saída em Marte, é a Terra que precisa do nosso cuidado. Ela é a nossa casa, ela é o nosso mundo”, completou, ainda sob aplausos.

Transição ecológica

“Por isso os países ricos precisam pagar a conta para que os pobres possam sobreviver cuidando da Amazônia que eles não cuidaram quando deveriam cuidar. As florestas tropicais não são um santuário para o deleite da elite global. Tampouco podem ser tratadas como depósito de riqueza a serem exportadas”, rebateu.

Lula prometeu ainda zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Desde que o petista assumiu a Presidência da República, no início de 2023, as taxas de desflorestamento já despencaram 62%, menor índice desde 2018, segundo imagens de satélite do instituto de pesquisa Imazon.

“Ninguém pediu. Nós temos um compromisso. É um compromisso de fé. É o meu compromisso com o Brasil (…) para que a gente possa mostrar ao mundo que nós estamos cumprindo com as nossas obrigações e vamos esperar que os outros países cumpram com as deles”, assegurou.

Sul Global

Sobre o advento da inteligência artificial (IA) e suas consequências inevitáveis para a classe trabalhadora, o presidente Lula enfatizou a urgência de se democratizar as tecnologias, mitigando as discrepâncias entre o hemisfério norte e o chamado Sul Global, onde estão os países em desenvolvimento. “Precisamos de uma nova globalização, uma globalização de face humana”, pediu.

“Nas revoluções industriais anteriores, aprendemos que inovações tecnológicas podem ampliar os horizontes da humanidade, mas foi a luta do povo trabalhador que disciplinou e democratizou o seu uso. A inteligência artificial transformará radicalmente o nosso modo de vida. Teremos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a parte melhor.”

Na avaliação de Lula, a reforma das instituições de governança global contribuirá para o progresso dos países em desenvolvimento. “Por isso, o Brasil vai trabalhar pela ratificação da emenda de 1986 à Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes dos países mais industrializados no conselho da organização”, disse o presidente.

“Não à guerra”

Em meio aos conflitos no Oriente Médio, no leste europeu e em outros continentes, Lula se disse incondicionalmente a favor da paz. “Não à guerra na Faixa de Gaza. Não à guerra na Ucrânia”, pregou. O empenho de cifras astronômicas nas hostilidades, para Lula, é extemporâneo, frente as adversidades a serem vencidas no século 21.

“O ano de 2023 viu os gastos com armamentos subir 7% em relação a 2022, chegando a uma soma de US$ 2,4 trilhões. A irracionalidade do conflito na Europa reacende os temores de uma catástrofe nuclear. Em Gaza, há mais de 37 mil vítimas fatais, a maioria são mulheres e crianças. Esse conflito também acumula o triste recorde de mortes de trabalhadores humanitários. Por isso, é importante afirmar: o mundo precisa de paz e de sobriedade e não de guerra.”

Lula lembrou dos trabalhadores enviados aos campos de batalha, sem a certeza de que regressarão. “Foi assim na Primeira Guerra Mundial, de cujos escombros saíram a Liga das Nações e a própria OIT. A Segunda Guerra Mundial terminou com 70 milhões de mortos, 3% da população da época”, argumentou.

Proteção ao trabalhador

As medidas tomadas pelo governo federal para proteger o trabalhador brasileiro também foram incluídas no discurso do presidente em Genebra. Lula lastimou as denúncias de trabalho escravo no país durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “No meu terceiro mandato, tenho renovado compromisso com o mundo do trabalho. Tenho certeza que retomamos as políticas de valorização do salário mínimo, de erradicação do trabalho infantil e de combate às formas contemporâneas de escravidão”, lembrou.

“Aprovamos uma lei sobre igualdade de remuneração entre homens e mulheres (…) Também estamos formulando um plano nacional de cuidados, que considera a desigualdade de classe, de gênero, de raça, idade, deficiências e territórios, com olhar especial para o mundo do trabalho doméstico”, enumerou.

O presidente do Brasil fez menção ainda a um documento referendado em 10 de maio de 1944, nos Estados Unidos, e que reafirmou os compromissos tradicionais da OIT no pós-guerra. “É central resgatar o espírito da Declaração da Filadélfia, adotada 80 anos atrás. Nela, consignamos que o trabalho não deve ser tratado como mercadoria, mas sim como fonte de dignidade. O bem-estar de cada um depende do bem-estar de todos.”

Publicado, originalmente, pela redação do PT Nacional, com OIT

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