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Políticos Cristãos: a fé a serviço da transformação

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27º Encontro de Políticos Cristãos reuniu centenas pessoas em Dom Cavati

Foi um sucesso o 27º Encontro de Políticos Cristãos, realizado pelo Mandato Miguel Ângelo de 20/11 a 1º/12 de 2024, juntamente com a Tribo/PT e o mandato do deputado estadual Marquinho Lemos. O tradicional encontro anual – que integra o Movimento de Fé e Política – aconteceu na cidade de Dom Cavati, no Leste do Estado, na Casa do Movimento da Boa Nova (MOBON), e abordou em sua programação temas como fé, religiosidade, política, organização popular e administração pública. Foram mais de 250 participantes, vindos de 70 cidades.

30 anos de história

Um dos idealizadores do Encontro de Políticos Cristãos, há 30 anos, o conselheiro do TCE-MG Durval Ângelo abriu o evento, chamando a atenção para a necessidade de se fazer frente a problemas urgentes, como o aquecimento global e as desigualdades sociais, que afetam principalmente os mais vulneráveis. Ao lembrar a história do Encontro, ele destacou as contribuições de grandes lideranças, como Frei Carlos, Dom Tomás Balduíno, Patrus Ananias e Leonardo Boff.

O deputado estadual Marquinho Lemos apontou a necessidade de uma ação para o fortalecimento de movimentos populares, associações e organizações sociais, propondo iniciativas como cartilhas de formação e orientação.

Por sua vez, o deputado federal Miguel Ângelo considerou que o Encontro de Políticos Cristãos representa a essência dos mandatos que reúne. Ele criticou a tentativa de ingerência do “mercado” nas ações do governo federal, apontando que o capital financeiro tem se oposto a todas as medidas econômicas que beneficiam os menos favorecidos e oneram os mais ricos do país.

Miguel Ângelo ainda ressaltou a importância dos mandatos participativos, com instrumentos como conselhos políticos, formação de novas lideranças e ação coletiva na busca de soluções dos problemas.

A fé como instrumento da mudança

O irmão sacramentino João Rezende convidou os participantes a refletirem sobre o real significado do termo “cristão”. Segundo ele, não se trata de um simples adjetivo, mas de uma palavra que representa a fé capaz de impulsionar a mudança.

“É preciso identificar os ‘Golias’, os obstáculos e inimigos que mais nos afetam, como o bolsonarismo, fundamentalismo religioso, fake news, analfabetismo político. O convite é identificar o que está próximo, até mesmo para pensar nas estratégias e ferramentas de combate, como: educação, voto, políticos progressistas, dentre outras”, afirmou João Rezende.

Políticas públicas

O tema das políticas públicas foi tratado pelo auditor do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) Gustavo Vidigal. Ele destacou que os desafios exigem a atuação em diferentes frentes: comunitária, coletiva e institucional. Por isso, é fundamental planejar e trabalhar estrategicamente para superar as barreiras na implementação de políticas públicas.

De acordo com Vidigal, o papel do Estado é imprescindível na execução e efetividade das políticas públicas. “A ideia de que a iniciativa privada é mais eficiente é uma narrativa equivocada. Políticas públicas são direitos fundamentais, e o ‘mercado’ não pode negá-los à população”, considerou.

Extrema-direita

O crescimento da extrema-direita no Brasil e no mundo, nos últimos anos, foi um dos temas tratados pelo doutor e professor da PUC Rio Paulo Fernando Carneiro. Ele ressaltou que figuras como Bolsonaro, Trump e Elon Musk simbolizam uma lógica individualista, que trata o Estado como um obstáculo ao sucesso pessoal. Esse discurso alimenta a ideia de que quem não “vence” é fraco e responsável por suas próprias falhas, ignorando o impacto da desigualdade social.

Espiritualidade encarnada

“Espiritualidade encarnada X pobre de direita” foi o tema central da exposição do professor de Teologia Élio Gasda, da FAJE-BH. Entre outros pontos, Gasda ressaltou que toda pessoa é um ser político, mas que, para um cristão, a política deve ser o segundo ato, e nunca o primeiro. “A fé vai além da política”, alertou. Nesse sentido, a primeira tarefa é atravessar as aparências. É necessário ver a realidade.

O professor lembrou o massacre que ocorre hoje na Palestina e o aumento da riqueza e da pobreza extremas no mundo – o 1% mais rico detém 46% da riqueza global – para frisar que as pessoas precisam se sensibilizar e se envolver na luta contra tais situações.

Experiência de Contagem

O Encontro contou com a participação do economista José Prata Araújo, de Contagem, que falou sobre a tradição política da cidade, principalmente na resistência e engajamento social, e sobre a estratégia vitoriosa da prefeita reeleita, Marília Campos.

Prata também abordou os desafios da democracia, como a desigualdade social e a fragmentação das instituições, e destacou a transparência, a prestação de contas e o combate a privilégios como pilares fundamentais para reconstruir a confiança pública e promover a igualdade. Reforçou, ainda, a necessidade de engajamento popular na construção das políticas públicas. Segundo ele, quando as pessoas participam do processo, as escolhas e os caminhos adotados ganham maior credibilidade.

Política do “olho no olho’

Em plenária, os participantes apontaram como prioridade o resgate do fazer político “olho no olho” – sem depender exclusivamente de estratégias digitais -, do contato direto, da presença nas ruas. Apesar de reconhecerem que as redes sociais se consolidaram como ferramentas de grande importância, ressaltaram que estas devem ser aliadas a outras estratégias.

Entre as observações dos presentes, estão: a retomada da liderança por meio da política presencial; a importância de se manter fiel às origens e percorrer todas as áreas da cidade, inclusive as periferias; a política como uma atuação social, e não com uma lógica mercantilista em que o voto é moeda de troca; necessidade do engajamento da juventude.

A “funda” de Davi

A alegoria da “funda” de Davi na luta contra o gigante Golias foi utilizada pelo professor de filosofia Maurício Abdalla (UFES) para demonstrar que a esquerda precisa lutar com suas próprias armas. Entre outros pontos, Abdalla falou sobre o enfraquecimento das esquerdas, afirmando que estas deixaram de disputar as consciências. Ele também apontou uma certa dependência de Lula por parte das esquerdas.

Para o professor, não há outro caminho para fortalecer o campo emancipatório na sociedade que não seja voltar a disputar as consciências, por meio de: organização de base, educação popular, atuação nas igrejas, participação nos movimentos de bairro, disputa de concepção nos movimentos sociais e coletivos identitários.

Protagonismo da juventude

Um maior protagonismo das juventudes nos mandatos coletivos e participativos foi tema de grande destaque no encontro, com uma mesa específica de debate. Um dos principais apontamentos foi o de que a juventude não apenas ocupe espaços de discussão, mas participe ativamente das decisões e da construção de soluções. “A juventude quer contribuir, e não apenas executar”, afirmou Fernanda Couto, estudante de Gestão Pública.

O deputado federal Miguel Ângelo considerou que há um crescente individualismo entre os jovens e um “vazio geracional” no grupo da Tribo, e pediu que os presentes se comprometessem a envolver mais jovens na construção de seu mandato. Ele sugeriu a realização de um Encontro da Juventude, organizado pelos mandatos e a criação de um Grupo de Trabalho para discutir propostas legislativas e políticas públicas para a juventude.

28º Encontro de Políticos Cristãos

O próximo Encontro de políticos cristãos foi marcado para os dias 29, 29 e 30 de novembro de 2025.

A atividade é realizada anualmente na cidade de Dom Cavati. Confira como foi o 26º Encontro de Políticos Cristãos, realizado em 2023.

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