Durante a Conferência Internacional “50 anos da relação Brasil-China: cooperação para um mundo sustentável”, realizada em Brasília, os dois países reforçaram, na última quarta-feira (17), o compromisso de estreitarem ainda mais suas relações, principalmente comerciais. O evento foi promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com o National Top Think Tank e o Institute of Latin American Studies da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS).
A Conferência Internacional contou com as presenças do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, entre outras autoridades.
Também visando o estreitamento das relações entre os dois países, sobretudo políticas e institucionais, uma delegação de parlamentares, dirigentes e lideranças políticas está em visita à China. O deputado federal Miguel Ângelo (PT) integra a delegação, que participa de atividades de intercâmbio de experiências em áreas como desenvolvimento sustentável, redução da pobreza e proteção do meio ambiente, entre outras.
A cooperação entre Brasil e China foi retomada com a visita do presidente Lula àquele país, em 2023, e já resultou em inúmeros avanços, dentre os quais, o incremento das exportações brasileiras para o país asiático. No ano passado, as exportações para a China responderam pelo maior volume de exportações brasileiras para um único país na história, totalizando mais de U$ 104 bilhões.
“Me lembro que o presidente Lula, no seu primeiro mandato, houve uma grande comemoração quando o Brasil exportou para o mundo 100 bilhões de dólares. Hoje, o Brasil exporta para um país, só para a China, 104 bilhões de dólares. Então foi muito bem colocado aqui que a relação Brasil-China é um caso de sucesso. Cinquenta anos de amizade, de parceria, de comércio, de investimentos”, disse Alckmin, durante a Conferência Internacional em Brasília.
Cooperação entre Brasil e China resultou em investimentos recordes da indústria automotiva
Alckmin apontou como resultado da cooperação bilateral o volume recorde de investimentos anunciados pela indústria automotiva no Brasil, de R$ 125 bilhões até 2028, com forte participação da chinesa BYD, líder mundial na fabricação de veículos elétricos, e a Great Wall Motors, a maior montadora privada do país asiático.
O presidente em exercício também destacou o grande potencial do Brasil em áreas importantes para o enfrentamento dos desafios globais: “Acho que, no planeta, hoje, o mundo tem três grandes temas. Segurança alimentar, segurança energética e clima. E nesses três grandes temas o Brasil é um grande protagonista. E vamos avançar ainda mais”, disse Alckmin.
Ele ressaltou avanços na economia brasileira: “O risco Brasil, que era 258 pontos, caiu para 130. A inflação caiu. O desemprego caiu, os juros continuam em queda, subiu o PIB, avançou a economia, cresceram as exportações, e, aí, a China tem um papel extremamente relevante”, sublinhou.
Influência global
O embaixador chinês Zhu Qingqiao destacou que a cooperação entre Brasil e China tem trazido benefícios para as economias e as populações dos dois países e que “tudo isso fez de nosso relacionamento um exemplo de progresso conjunto entre grandes países em desenvolvimento”.
O diplomata disse ainda que as relações sino-brasileiras “transcenderam o âmbito bilateral e cada vez mais se destacam por sua influência estratégica e global”. Ele citou a importância da visita de Lula à China para a retomada da parceria entre os dois países, que foi interrompida pela incompetente gestão da diplomacia brasileira durante o governo passado.
“O presidente Lula fez uma visita bem sucedida à China e, junto com o presidente Xi Jinping, deram orientações para abrir um novo futuro das relações sino-brasileiras na nova era, injetando um ímpeto vigoroso para expandir e aprofundar nossa cooperação em todos os setores”, disse.
Nesse sentido, o embaixador destacou políticas criadas pelo governo Lula para atrair investimentos e gerar empregos no país.
“Desde o retorno do presidente Lula ao governo, o Brasil lançou novos planos estratégicos como o Programa de Aceleração do Crescimento, o Nova Indústria Brasil e Plano de Transformação Ecológica, que estimula o desenvolvimento e busca a revitalização do país, ao mesmo tempo em que [o Brasil] defende o multinaturalismo e a justiça internacional”, afirmou o diplomata.
Segundo o embaixador chinês, é prioridade para a China estreitar as relações bilaterais “para progredirmos em direção a uma comunidade de futuro compartilhada para a China e o Brasil”. Como exemplo desse esforço, citou o Memorando de Entendimento assinado entre Lula e Xi Jinping para a cooperação para o desenvolvimento social e combate à pobreza e à fome. A cooperação resultou no lançamento de um projeto de mecanização para a agricultura familiar, no Rio Grande do Norte, em fevereiro deste ano.
Zhu Qingqiao disse ainda que a China está comprometida em colaborar com o Brasil na organização de encontros importantes que acontecerão no país, como a Cúpula do G20, grupo atualmente sob a presidência brasileira, e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
Relações comerciais e de cooperação
As relações diplomáticas entre o Brasil e a China foram estabelecidas em 1974, durante o governo do presidente Ernesto Geisel. Mas as trocas comerciais começaram a se intensificar em 2004, durante o primeiro governo Lula, quando foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN).
Em 2009, no segundo mandato de Lula, os dois países estabeleceram uma parceria estratégica que previa a ampliação do comércio bilateral e a cooperação em diversas áreas, como infraestrutura e tecnologia.
No mesmo ano, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimentos externos no país, com destaque para os setores de eletricidade e de extração de petróleo, bem como de transportes, telecomunicações, serviços financeiros e indústria.
Mas as relações entre Brasil e China extrapolam o caráter bilateral, com a participação dos dois países em importantes fóruns de cooperação, como o BRICS. Fruto desse esforço da política externa brasileira, o país alcançou, em 2023, o maior superávit comercial da sua história (US$ 98,8 bilhões), do qual o comércio com a China participou em 52%.
Com informações do PT Nacional.